sexta-feira, 28 de março de 2014

66,5% acham que uma mulher merece ser estuprada; 59% se incomodam com um beijo gay

Eu sabia que vivíamos em uma sociedade cheia de julgamentos e hipocrisia.
Eu sabia que vivíamos em uma sociedade destrutivamente machista, e homofóbica.
Eu sabia que estávamos cercados de gente assim, por cultura, ignorância, etc.
Mas até ontem, eu sinceramente não tinha ideia da dimensão em que isso estava! Eu não tinha ideia de que estava cercada de gente que, indiretamente, deseja o mal pra uma pessoa a partir da roupa que ela está usando, e outras nem isso.
E eu pergunto até quando as próprias mulheres viverão assim. Até quando todo mundo terá o direito de mandar no nosso corpo, menos a gente.
Acho que não é segredo pra muita gente que eu repudie a ideia de ter filhos. Não digo que nunca terei, mas realmente é uma ideia que não me atrai em nada.
E eis um dos motivos: Eu realmente quero ter um(a) filho(a), que eu com certeza amaria muito, numa sociedade dessa?
Eu realmente quero uma FILHA vivendo assim?
Eu vou ensinar o que a ela? Que ela é dona do corpo dela mas que, dependendo da roupa que ela estiver usando, se ela consome álcool ou não, ou do tom de voz dela, ou dos lugares e horários que ela sai de casa, ela já não é mais tão dona assim?
Que se ela apanhar de um marido/namorado ela pode perdoá-lo e até voltar com ele, porque "homem é assim mesmo, fica com raiva e nem vê o que faz"? Sério, esse é o respeito consigo mesma que eu quero que ela aprenda?
Porque é disso que a sociedade tenta me convencer hoje.

E se for um FILHO e ,por ventura, gay?
Eu vou ensiná-lo que tudo bem ser gay, mas que nada de ficar de "xiliquesinho" na rua, porque aqui se colocam medidas de gays toleráveis, e se ele não seguir, os outros não vão gostar e ele vai apanhar muito de alguém que ele mal se lembrará do rosto?
Vou ensiná-lo que se ele fosse hétero, tudo bem ele sair na balada e tentar arrumar um rolinho, e se beijarem no meio de todo mundo, mas já que ele é gay, ele não pode, porque senão um homofóbico qualquer pode se sentir ofendido, matá-lo e jogá-lo no bueiro qualquer?

As possibilidades de um filho são inúmeras. E quase nenhuma que me dê orgulho e/ou me motive a querer repassar a quem quer que seja.
Eu não faço mal julgamento de quem escolheu ter filhos, mas desejo a essx muita, muita força. Força que eu admito que não tenho.

E vale dizer, que até  a maternidade entra nessa lista de "coisas que escolheram para o meu corpo", porque quando eu digo que não quero isso, chovem especulações do tipo "mas mulher tem que ser mãe", "mas você nunca será uma mulher realizada se não tiver um filho", e por aí vai...
Acontece que tem uma novidade pra todo mundo: ninguém além de mim, decide se eu quero ser mãe, ninguém além de mim escolhe minhas roupas e horários. Ninguém além de mim escolhe se sou hétero ou não!

E se você acha que isso aqui é desnecessário, que eu estou exagerando (porque tem de verdade gente que acha isso) eu recomendo que você também não tenha filhos, porque eu tenho real pena deles.
Antes de reclamar das pessoas que vão as ruas, que fazem protestos online, repense nas coisas ao seu redor, nas coisas que aconteceram com você mesmx, e veja se não é a hora de você se juntar a elxs.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá!
Estarei ansiosa para ler e, quem sabe, responder alguns comentários. Portanto, não deixem de comentar para que nossa vida virtual fique cada dia mais ativa.
Seguindo alguns padrões de educação e quem sabe formalidade: Desde já agradeço.